Meus amigos, neste último
domingo, estive no Engenhão para ver o Flamengo ser, mais uma vez, campeão
carioca. Para ser exato, viajei até o
Engenhão, pois o estádio fica do outro lado do mundo! Nelson Rodrigues dizia
que sentia “uma infinita nostalgia” do Brasil quando passava do Méier. Só não
foi este o meu sentimento porque a Nação Rubro-negra estava lá em peso; e
Brasil, por definição, é onde a torcida do Flamengo está.
Mais uma final contra o
Vasco - nosso eterno vice -, portanto, com desfecho mais do que previsível. Mas
eu não poderia deixar de ir a esse jogo, em função de uma grande frustração
pessoal minha. Já explico. Woody Allen disse certa vez que só tinha uma
frustração na vida: a de não ser outra pessoa. Compartilho dessa frustração,
mas, no meu caso, não é a única. Tenho pelo menos mais duas: não ser o Woody e
não ter visto in loco dois gols
inesquecíveis do Mengão em finais contra os cruzmaltinos. E não me refiro ao
gol do argentino Valido, em 28 de outubro de 1944, no estádio da Gávea, a
quatro minutos do apito final, dando ao Flamengo o primeiro dos seus – por
enquanto - cinco tricampeonatos. Nessa época, acreditem, eu nem tinha nascido.
Aliás, meus pais ainda eram crianças e sequer se conheciam – portanto ainda não
tinham começado a brigar. Não, refiro-me aos gols do Rondinelli, em 1978, e do
Petkovic, em 2001. Eu jamais me perdoaria se novamente deixasse de testemunhar
gols antológicos como estes. E a gente nunca sabe quando eles vão acontecer.
Em 1978, eu tinha 13 anos e fui com meu pai ao
Maracanã assistir à final do campeonato carioca. Ficamos sentados nas cadeiras
azuis, bem atrás da meta defendida pelo goleiro do Vasco no segundo tempo. Foi
ali, bem pertinho de onde estávamos, que saiu o gol decisivo, marcado de cabeça
pelo Deus da Raça, a três minutos do
fim do jogo. Perfeito, não? Não. Teria sido perfeito se ainda estivéssemos lá.
Porém meu pai, preocupado com o transporte para voltarmos para casa, quis sair
um pouco antes do término da partida, um pouco antes do momento do gol. Assim,
eu, que até então nunca tinha visto o Flamengo ser campeão, deixei de ver o gol
histórico do Rondinelli. Bom, já perdoei meu pai e, desde então, vi e revi as
imagens do gol - na TV, em videocassete ou DVD - mais de um milhão de vezes.
Mas ficou uma enorme e irreparável frustração...
Como eu queria ter estado no
Maracanã na final de 2001, na qual o Flamengo conquistou seu quarto
tricampeonato! Mas foi pela TV que vi o gol do Pet, de falta, aos 43 minutos do
segundo tempo. Apesar de estar em casa, a emoção foi forte demais! Foi tão
intensa que entrei num estado de transe dissociativo e, por causa disso, até
hoje não sei muito bem o que fiz. Disseram que, eufórico, saí à rua
completamente nu e tentava abraçar todos os que passavam. Mas, sinceramente,
não me lembro de nada disso. Não, pelado não fiquei. Impossível. Pelo menos não
da cintura para cima, pois, naquele momento, jamais tiraria o Manto Sagrado!
04/05/2011
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